16 de novembro de 2009

Puxado a Vento


Abri a janela e o vento ensopou-me a alma. Ergui os braços e senti a eternidade do universo num abraço morno. Os dias de chuva também têm o seu encanto... É como se a água que cai nos elevasse ao melhor de nós e nos deixasse traçar a nossa própria marca de água no céu.

Quando o amor me inspira ao melhor de mim sinto-me... feliz. E hoje estou assim! Porque consegui arrancar ao sol um arrepio enquanto o vergava ao meu sorriso matinal. Quando tudo o que é maior e mais forte do que eu se une a cada célula do meu corpo, em uníssono, num grito mudo que se espalha por mim adentro e escorre pela rua... sinto-me... violentamente feliz.

Hoje escrevo o meu nome de alegria num horizonte de outono, puxado a vento e a chuva.

Apetecia-me ouvir isto. Alto. Muito alto. Tão alto que o volume do carro, estando no máximo, seria fraco para sentir a batida do ritmo em todos os meus órgãos. Fecho a janela para guardar em mim cada acorde. Nesse momento só me apetece levantar vôo. E por mais que acelere, a velocidade não acompanha a intensidade do compasso a penetrar-me a pele.