30 de abril de 2010

Derradeira Condição


O desinteresse ecoa no fundo da alma como se fosse uma tempestade. Por vezes mergulha num silêncio profundo, forte e perturbador. Houve um tempo em que a embalava e confortava. A sua presença era sinónimo de "estar".

Hoje causa-lhe nervos, tristeza, insónia e indisciplina-lhe os pensamentos
. Vagueia entre o desejo de o perder e o horror de naufragar sem ele. Oscila entre a idealização e a realidade, entre a felicidade sonhada de outrora, onde as suas qualidades emergiam e brilhavam em aliança, e um presente duradouro onde reina a mentira, a preguiça, o tédio e onde os dias respiram suspiros e semi-sorrisos.

E numa curiosidade mórbita, analisam-se a todo o momento, mesmo quando não querem. Observam a suas almas e não as sentem. O seus olhares contemplam sempre o que não interessa. E aí percebo que o desencontro dos seus olhares não é mais do que o pavor do reconhecimento mútuo de que ambos se amaldiçoam.

19 de abril de 2010

Uma Lua para a Madalena


A casa estava adormecida e silenciosa.
Enquanto lutava contra o sono, pediu-me para ir à casa de banho.
Ergueu os olhos em direcção ao céu, espreitou a noite através da janela e, com os cotovelos apoiados nas pernas e as mãos a lhe emoldurarem o rosto rosado, perguntou:
- Mãe, podemos comprar uma Lua?
O silêncio encheu-se de um riso baixinho... tão baixinho que a casa continuou adormecida.
- Não Madalena... a Lua está muito alta, lá no céu... a mãe não a pode comprar.
- E as estrelas estão quase a chegar?
Passei-lhe a mão pelo cabelo e resistindo à tentação de lhe fazer a sua trança favorita, disse:
- A chegar aonde querida?
- A chegar à Lua! Vês? Usou uma expressão de evidência que não ousei contrariar, ao mesmo tempo que me puxou para baixo para que pudesse confirmar a sua visão.
- Sim filha... elas gostam de dormir agarradinhas à Lua, respondi ajoelhada.
Baloiçava os pés alternadamente e abrindo ainda mais aqueles grandes olhos castanhos com medo que um simples pestanejar a fizesse perder o momento.
Esbocei um sorriso tão doce como só o de uma mãe que espera acolher o filho para o mimar pode ser. Peguei-a ao colo.
Encostou-se a mim num abraço aconchegante e perguntou: - Assim?
Adormeceu e deitei-a na cama.
A meio da noite foi ter comigo e disse:
- Tenho saudades da mãe...



18 de abril de 2010

Super Alice (Chaves)

Cantora, compositora, produtora, actriz e verdadeiramente encantadora em palco (e não só), Alicia Keys deixou-me deslumbrada no concerto que deu no Pavilhão Atlântico em 2008. Ela cantou, dançou, seduziu e brilhou intensamente durante a actuação, mas foi ao piano que me deixou apaixonada pelo seu estilo. Desde então fiquei mais atenta à carreira e tenho acompanhado por alto a evolução dela enquanto pessoa. Aqui fica a entrevista no programa da Oprah para perceberem melhor aquilo a que me refiro.



A Princessa do Soul tem um timbre forte e cru, enraizado no gospel e no soul vintage, mas o seu estilo musical mistura inspirações de vários géneros musicais, que aliados ao piano resultam em deliciosas combinações para os sentidos. Para além disso é uma daquelas pessoas que emana uma luz própria, e cuja presença fervilha de vibrações positivas e boa energia.

Não quero perder a oportunidade de estar presente como um "Element of Freedom" na próxima actuação em Lisboa. A primeira parte do concerto conta com a presença de
Melanie Fiona (autora do potente It Kills Me), a outra jeitosa do R&B, nomeada para a mesma categoria dos Grammy que viria a galardoar a Beyonce com o Put A Ring On It.

O dueto com Miss Beyonce faz de "Put It In a Love Song" qualquer coisa de bombástico, uma mistura explosiva de talento e beleza, ainda mais com um video cujo pano de fundo é só a minha cidade de eleição.

Porém... é a tocar com o coração na ponta dos dedos e o sentimento na voz, que eu a gosto de ouvir. Assim:


Nunca mais chega dia 29 de Abril!

Para quem ainda tinha dúvidas...
http://www.ticketline.pt/
Foi lá que comprei 2 bilhetes.

13 de abril de 2010

Beija-me


Finalmente chegou o dia de hoje - Dia do Beijo. A ocasião perfeita para mais uma vez, contemplar demoradamente "O beijo" de José D'Almeida. Beijar é um gesto de afeição e, sobretudo, uma questão cultural. Há muitos tipos de beijos mas eu só quero falar do mais picante.

Dizem que não se esquece o primeiro beijo. A lembrança que tenho do meu primeiro beijo é absolutamente insípida. Deveria ter sido algo memorável mas não consigo precisar a ocasião, a pessoa, nem o beijo em si. Tal deve ter sido a importância que lhe atribuí! Mas isso não invalida que tenha experimentado vários tipos de beijos ao longo da minha vida. Por isso tenho noção do que gosto e do que não gosto que me façam durante o beijo. Quem não gosta de uma boca hidratada, dentes lavados e hálito fresco? Depois, qualquer que seja o grau de excitação, a suavidade e a sensualidade são princípios que devem estar sempre em mente (em vez da fórmula de desentupir canos ou arear panelas).

Não creio que exista propriamente uma fórmula para um bom beijo. Por isso há até quem considere o acto de beijar uma arte. Porém, num beijo mais íntimo, não há nada mais sensual do que o toque de línguas descontraídas com suavidade (e não jantar na boca do outro), alternando os tipos de beijos, (sem fazer braço de ferro dentro das bocas), misturando carícias com gestos carinhosos, explorando e interpretando lentamente todos os sinais emitidos (sejam eles quais for), para que se possam adaptar.

O Kamasutra reconhece o poder do beijo para expressar sentimentos e emoções, como forma de comunicação numa relação. Descreve 30 tipos de beijos diferentes e as ocasiões em que devem ser usados.



O beijo perfeito é portanto altamente subjectivo, não é frio, nem técnico, nem científico. É o reflexo do que sentimos, aquele que é desejado e dado com verdadeiro sentimento.

O Dia do Beijo é um
excelente pretexto para pedir que nos beijem assim. Por isso... calem a boca e beijem logo.

E se nada disto resultar... experimentem simplesmente amar.


1 de abril de 2010

Anaïs Nin



Anaïs Nin de Romane Serda & Renaud

Para Anaïs Nin lemos aquilo que precisamos. Para ela há autores que nos enriquecem... outros não. A mais pura verdade! Há quase uma força obscura que nos guia para determinado livro numa determinada altura. E há escritores que nos dão um sentimento que nos empurra para a vida.


O amor nunca morre de morte natural.

Ele morre porque nós não sabemos como renovar a sua fonte.
Morre de cegueira e dos erros e das traições.
Morre de doença e das feridas;
morre de exaustão, das devastações, da falta de brilho.