30 de abril de 2010

Derradeira Condição


O desinteresse ecoa no fundo da alma como se fosse uma tempestade. Por vezes mergulha num silêncio profundo, forte e perturbador. Houve um tempo em que a embalava e confortava. A sua presença era sinónimo de "estar".

Hoje causa-lhe nervos, tristeza, insónia e indisciplina-lhe os pensamentos
. Vagueia entre o desejo de o perder e o horror de naufragar sem ele. Oscila entre a idealização e a realidade, entre a felicidade sonhada de outrora, onde as suas qualidades emergiam e brilhavam em aliança, e um presente duradouro onde reina a mentira, a preguiça, o tédio e onde os dias respiram suspiros e semi-sorrisos.

E numa curiosidade mórbita, analisam-se a todo o momento, mesmo quando não querem. Observam a suas almas e não as sentem. O seus olhares contemplam sempre o que não interessa. E aí percebo que o desencontro dos seus olhares não é mais do que o pavor do reconhecimento mútuo de que ambos se amaldiçoam.

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