19 de abril de 2010

Uma Lua para a Madalena


A casa estava adormecida e silenciosa.
Enquanto lutava contra o sono, pediu-me para ir à casa de banho.
Ergueu os olhos em direcção ao céu, espreitou a noite através da janela e, com os cotovelos apoiados nas pernas e as mãos a lhe emoldurarem o rosto rosado, perguntou:
- Mãe, podemos comprar uma Lua?
O silêncio encheu-se de um riso baixinho... tão baixinho que a casa continuou adormecida.
- Não Madalena... a Lua está muito alta, lá no céu... a mãe não a pode comprar.
- E as estrelas estão quase a chegar?
Passei-lhe a mão pelo cabelo e resistindo à tentação de lhe fazer a sua trança favorita, disse:
- A chegar aonde querida?
- A chegar à Lua! Vês? Usou uma expressão de evidência que não ousei contrariar, ao mesmo tempo que me puxou para baixo para que pudesse confirmar a sua visão.
- Sim filha... elas gostam de dormir agarradinhas à Lua, respondi ajoelhada.
Baloiçava os pés alternadamente e abrindo ainda mais aqueles grandes olhos castanhos com medo que um simples pestanejar a fizesse perder o momento.
Esbocei um sorriso tão doce como só o de uma mãe que espera acolher o filho para o mimar pode ser. Peguei-a ao colo.
Encostou-se a mim num abraço aconchegante e perguntou: - Assim?
Adormeceu e deitei-a na cama.
A meio da noite foi ter comigo e disse:
- Tenho saudades da mãe...



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